quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Antigos cinemas de Niterói



Artigo publicado na revista O FLU, do jornal O Fluminense, de 9 de setembro de 2012.

Nos últimos dez anos, os niteroienses testemunharam o fim de inúmeras salas de cinema na cidade, particularmente no bairro de Icaraí. Antes disso, nas décadas de 1980 e 1990, outros cinemas de rua localizados no Centro, Fonseca e também em Icaraí já vinham fechando suas portas.
Atualmente, Niterói conta apenas com as salas de cinema do Plaza Shopping e do Bay Market, cenário que provoca lamentos dos moradores e reforça as reivindicações pela reabertura do Cine Arte UFF e do Cinema Icaraí.
Num momento como esse, é ainda mais importante resgatar a história das antigas salas de cinema de Niterói, percebendo como o passado pode nos ajudar a entender e também mudar o presente. É o que pretendo fazer no livro que estou escrevendo através de projeto selecionado em edital público do Instituto Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC) do Estado do Rio de Janeiro, a ser lançado no início de 2013.
Muitas pessoas ainda se lembram bem de salas como os cinemas de rua Central e Niterói, ambos na Avenida Visconde do Rio Branco, ou aquelas localizadas em galerias comerciais de Icaraí, como o Windsor, Cine Center ou Estação Icaraí. Os mais antigos podem se lembrar ainda das salas do Fonseca (São Jorge e Alameda) e de Santa Rosa (Mandaro).
Já o passado mais remoto das salas de cinema de Niterói é bem menos conhecido. Quem sabia que a cidade já teve um dos maiores cinemas do Brasil? Em 1920, um antigo Frontão – espaço destinado a partidas de pelota basca, muito popular devido à influência dos imigrantes espanhóis – passou a ser utilizado para a projeção de filmes. Inicialmente utilizado pelo famoso Cinema Éden, posteriormente passou a funcionar como o Cinema Colyseu e se localizava na Avenida Visconde do Rio Branco.
Uma sala popular, com ingressos baratos, o Colyseu se orgulhava de receber até três mil espectadores e de possuir a maior tela do Brasil. Para fins de comparação, a maior parte dos multiplex atuais possui lotação de cerca de apenas trezentos espectadores em cada sala. O Colyseu conheceu seu auge no tempo do cinema silencioso, exibindo superproduções da época, como Ben-Hur, e, numa fase mais decadente, “filmes científicos”, gênero que, sob a fachada respeitável da ciência, atraía o público masculino interessado em cenas de nudez...
A chegada do som mudou muita coisa no circuito exibidor brasileiro, que foi obrigado a se adaptar aos novos e modernos equipamentos, assim como a enfrentar as dificuldades iniciais para atrair o público aos filmes falados e cantados em inglês. Somente alguns meses depois da chegada dos talkies (apelido dos talking pictures) a solução das legendas começou a ser utilizada e aceita pelos espectadores.
Mas uma vez, são poucos os que sabem que Niterói foi a terceira cidade do Brasil a ter um cinema adaptado para o cinema sonoro. Em agosto de 1929, foi inaugurada a novidade do cinema sonoro no então luxuoso Cine-Theatro Imperial, que tinha aberto as portas no ano anterior. Depois de São Paulo (em abril daquele ano) e do Rio de Janeiro (em junho), Niterói já podia se orgulhar de contar com um cinema apto a exibir as mais modernas e luxuosas produções musicais de Hollywood. Muitas cidades do interior demorariam anos até seus cinemas se converterem para a projeção sonora, o que demonstra o pioneirismo da então capital do Estado do Rio de Janeiro.
A sala responsável pela façanha, o Cine-Theatro Imperial, já estaria decadente nos anos 1970 quando foi demolida e em seu lugar construída uma agência bancária. Agora o banco também foi ao chão, cedendo espaço à expansão do Plaza Shopping.
Essas e outras histórias estarão em meu livro, a ser publicado no início de 2013. Quem quiser compartilhar algumas lembranças sobre os cinemas da cidade, pode escrever para cinemasdeniteroi@gmail.com

3 comentários:

  1. EU ADOLESCENTE FREQUENTEI OS CINEMAS CENTRAL E NITEROI VI DE VOLTA PARA O FUTURO ROCK ESTRELA ESQUECERAM DE MIM E MUITOS OUTROS SAUDADES DESSA ÉPOCA INOCENTE WILLIAM SÃO GONCALO

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  2. E os cinemas Rio Branco e Boaventura constam de seu livro. Qual o nome do livro?

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  3. O nome do livro é Cinematographo em Nictheroy: história das salas de cinema de Niterói.

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