Artigo publicado na revista O FLU, do jornal O Fluminense, de 9 de setembro de 2012.
Nos
últimos dez anos, os niteroienses testemunharam o fim de inúmeras salas de
cinema na cidade, particularmente no bairro de Icaraí. Antes disso, nas décadas
de 1980 e 1990, outros cinemas de rua localizados no Centro, Fonseca e também em
Icaraí já vinham fechando suas portas.
Atualmente,
Niterói conta apenas com as salas de cinema do Plaza Shopping e do Bay Market,
cenário que provoca lamentos dos moradores e reforça as reivindicações pela
reabertura do Cine Arte UFF e do Cinema Icaraí.
Num
momento como esse, é ainda mais importante resgatar a história das antigas
salas de cinema de Niterói, percebendo como o passado pode nos ajudar a entender
e também mudar o presente. É o que pretendo fazer no livro que estou escrevendo
através de projeto selecionado em edital público do Instituto Estadual de
Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC) do Estado do Rio de Janeiro, a ser
lançado no início de 2013.
Muitas
pessoas ainda se lembram bem de salas como os cinemas de rua Central e Niterói,
ambos na Avenida Visconde do Rio Branco, ou aquelas localizadas em galerias
comerciais de Icaraí, como o Windsor, Cine Center ou Estação Icaraí. Os mais antigos
podem se lembrar ainda das salas do Fonseca (São Jorge e Alameda) e de Santa
Rosa (Mandaro).
Já
o passado mais remoto das salas de cinema de Niterói é bem menos conhecido. Quem
sabia que a cidade já teve um dos maiores cinemas do Brasil? Em 1920, um antigo Frontão – espaço
destinado a partidas de pelota basca, muito popular devido à influência dos
imigrantes espanhóis – passou a ser utilizado para a projeção de filmes.
Inicialmente utilizado pelo famoso Cinema Éden, posteriormente passou a funcionar
como o Cinema Colyseu e se localizava na Avenida Visconde do Rio Branco.
Uma
sala popular, com ingressos baratos, o Colyseu se orgulhava de receber até três
mil espectadores e de possuir a maior tela do Brasil. Para fins de comparação,
a maior parte dos multiplex atuais
possui lotação de cerca de apenas trezentos espectadores em cada sala. O
Colyseu conheceu seu auge no tempo do cinema silencioso, exibindo
superproduções da época, como Ben-Hur,
e, numa fase mais decadente, “filmes científicos”, gênero que, sob a fachada
respeitável da ciência, atraía o público masculino interessado em cenas de
nudez...
A
chegada do som mudou muita coisa no circuito exibidor brasileiro, que foi
obrigado a se adaptar aos novos e modernos equipamentos, assim como a enfrentar
as dificuldades iniciais para atrair o público aos filmes falados e cantados em
inglês. Somente alguns meses depois da chegada dos talkies (apelido dos talking
pictures) a solução das legendas começou a ser utilizada e aceita pelos
espectadores.
Mas
uma vez, são poucos os que sabem que Niterói foi a terceira cidade do Brasil a
ter um cinema adaptado para o cinema sonoro. Em agosto de 1929, foi inaugurada
a novidade do cinema sonoro no então luxuoso Cine-Theatro Imperial, que tinha
aberto as portas no ano anterior. Depois de São Paulo (em abril daquele ano) e
do Rio de Janeiro (em junho), Niterói já podia se orgulhar de contar com um
cinema apto a exibir as mais modernas e luxuosas produções musicais de
Hollywood. Muitas cidades do interior demorariam anos até seus cinemas se converterem
para a projeção sonora, o que demonstra o pioneirismo da então capital do
Estado do Rio de Janeiro.
A
sala responsável pela façanha, o Cine-Theatro Imperial, já estaria decadente
nos anos 1970 quando foi demolida e em seu lugar construída uma agência
bancária. Agora o banco também foi ao chão, cedendo espaço à expansão do Plaza
Shopping.
Essas e outras histórias estarão em meu livro, a ser
publicado no início de 2013. Quem quiser compartilhar algumas lembranças sobre
os cinemas da cidade, pode escrever para cinemasdeniteroi@gmail.com
EU ADOLESCENTE FREQUENTEI OS CINEMAS CENTRAL E NITEROI VI DE VOLTA PARA O FUTURO ROCK ESTRELA ESQUECERAM DE MIM E MUITOS OUTROS SAUDADES DESSA ÉPOCA INOCENTE WILLIAM SÃO GONCALO
ResponderExcluirE os cinemas Rio Branco e Boaventura constam de seu livro. Qual o nome do livro?
ResponderExcluirO nome do livro é Cinematographo em Nictheroy: história das salas de cinema de Niterói.
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